terça-feira, 28 de maio de 2013

Por uma vida de encanto e de consciência sadia, artigo de Gilmar Passos

Por uma vida de encanto e de consciência sadia
[EcoDebate] Vamos refletir neste instante sobre algumas questões fundamentais da vida que requerem cuidado urgente. Trata-se do nosso modo de ver e viver no mundo diante da realidade a nossa volta. Vamos analisar a dificuldade do encanto humano, fruto de uma consciência doentia e que é refletida na cultura. Não iremos fazer uma análise cética, mas fundamental para nos motivar à busca do belo e do Grande Belo do Mundo.
A cultura sozinha não existe, a sua estrutura acontece a partir dos relacionamentos humanos que livremente dão origem a articulação de presença dos modos próprios de viver determinado grupo de pessoas. Quando as pessoas que formam a cultura estão frágeis e desestabilizadas perdem o encanto e claramente apresentam uma cultura desestabilizada e sem ritmo de vida. Facilmente entra em decadência a melodia do belo e cresce a decadência pela beleza.
A partir dessa triste realidade é percebível uma cultura dos contravalores substanciais a saúde de cada pessoa e da humanidade, refletida na sociedade. Desajustada, a pessoa em particular e a sociedade como um todo, entra no mesmo nível a arte e a poesia. A arte e a poesia produzidas pelos seres frágeis apresentam ou refletem exteriormente o desajuste interior.
Todos esses problemas são facilmente detectados na música e na literatura. Tanto é que elas perderam a criatividade da arte e se aproximaram da técnica comercial. O intuito de se fazer uma música ou algo literário pela arte da beleza da vida não entra em primeiro lugar. O que é predominante é que em primeiro lugar entra o objetivo pelo lucro, então não se pensa em fazer uma música ou qualquer obra literária sem antes analisar quanto de lucro se terá de retorno.
Devido ao desajuste e fragilização social, os criadores da poesia e da literatura contemporânea traçam e refletem a situação crítica que passamos. No entanto, vemos vulgarmente homens e mulheres como objetos de propagandas, vendendo a intimidade e se submetendo a manipulações. Em troca são oferecidos dinheiro e prazer curto e rápido para ser usufruído desordenadamente.
A música, por exemplo, tem se tornado a expressão do desajuste psíquico e afetivo interno de cada pessoa de modo particular atuando na sociedade. Isso fica claro com as músicas pornográficas incentivadoras do sexo livre e do prazer individual. A audiência que a pornografia ganha reflete o desajuste interno nas pessoas como ser de doação e complementação. A pornografia não incentiva a construção de vida e a felicidade das pessoas, apenas incita-as ao uso de pessoas para obter o prazer individualista. A proposta da pornografia se reduz ao genital.
Estamos carentes de uma cultura livre do comércio e do jogo de manipulação. Precisamos de pessoas particulares que se somem com outras que buscam objetivos humanos de liberdade, respeito, amor. Pessoas que se somem para buscar a felicidade comprometida com a sociedade e as religiões. Precisamos de pessoas com coragem e criatividade para desarticular os mecanismos de destruição humana, ecológica, social e religiosa.
A técnica e a ciência que conhecemos na atualidade possuem na sua origem elementos sensatos e ricos. Infelizmente caíram num sistema criado por pessoas inescrupulosas e se tornaram predominantemente frias, sem diálogos e ditatoriais. Tornou-se também parte lucrativa de empresas e pessoas de modo particular e passou a ser causa integrante da cultura da desestabilização, manipulação e uso do ser humano para o consumo irreflexivo.
Da ciência e da técnica e de outros elementos que nos ajudem a sairmos do amadorismo para podemos nos aperfeiçoar. Do aperfeiçoamento podemos incrementar propostas e ações ricas e profundamente humanas para uma maior serenidade e saúde da nossa sociedade e de cada pessoa em particular.
Precisamos nos unir e nos aperfeiçoarmos a partir dos elementos que temos. Valorizarmos as questões sérias e honestas esquecidas ou deixadas de lado. Serão ações planejadas e articuladas a partir de uma análise de conjuntura orgânica e humana, que desarticulará a cultura desumana que enfrentamos. Por isso, é urgente sairmos do amadorismo. Ademais, se descuidarmos, enquanto ficamos com bons pensamentos e boas ações isoladamente, poderemos ser sufocados pela ditadura cultural em que vivemos.
No aperfeiçoamento se encaixam a criatividade e a espontaneidade. A pobreza cultural de valores humanos sadios e significativos que vivemos, não aceita a criatividade e a espontaneidade e age agressivamente contra quem ousar ser criativo e espontâneo. Sabendo disso podemos ser mais criativos e espontâneos em tudo o que pensamos, planejamos ou fazemos. A criatividade e a espontaneidade, tanto pessoal quanto grupal, não deixarão que a ditadura cultural contemporânea nos sufoque.
A consciência pessoal e social dos amantes por um mundo novo, orgânico e sadio tenderá a ser mais brilhante quando passar a pensar de modo conjunto, articulado e profissional (diferente de profissionalismo). Sendo aperfeiçoada a conjuntura do pensamento crescerão as habilidades da mente para a reflexão da vida e a partir da vida.
Sonhemos e acreditemos que somos capazes de criarmos uma cultura que nos ajude na cura da miopia de nossas relações e do nosso pensamento. Tenhamos certeza que somos capazes de descobrir sempre mais e mais o belo no mundo e vivermos do encanto deste belo na busca do Grande Belo do Mundo.
Gilmar Passos formado em teologia possui livros escritos com especificação em cristianismo contemporâneo. Sua formação cristã nos primeiros anos de juventude vem do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) e da Pastoral da Juventude. Atualmente é Sacerdote da Diocese de Estância Sergipe, exerce seu ministério na Paróquia São Francisco de Assis, Estância/SE.
Contato: gilmpasssos@hotmail.com
EcoDebate, 28/05/2013

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