quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Brasileiros compram terras para produzir vinho na Argentina

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O desejo de produzir seu próprio vinho levou um grupo de brasileiros a comprar terras em um dos centros de produção da bebida na Argentina, aproveitando as vantagens oferecidas por uma vinícola local.
Há menos de um ano, a vinícola O.Fournier, da província de Mendoza (oeste do país), colocou a venda um total de 158 hectares (cerca de 1,6 milhão de metros quadrados) em terrenos para pequenos produtores.
De acordo com o dono da vinícola, o espanhol José Manuel Ortega, dos 22 terrenos à venda, 18 foram comprados por brasileiros.
Segundo ele, o perfil desses empreendedores brasileiros é de pessoas de “alto poder aquisitivo, discreto” e interessadas “em produzir e colher o vinho com a família”. Em alguns casos, disse Ortega, esta produção seria com “objetivo empresarial” e, em outros, “por prazer”.
Parceria
O empresário espanhol ressalta que as regalias que ofereceu aos compradores tornaram o negócio mais atraente aos brasileiros e demais interessados em se tornarem vinicultores.
O comprador das terras ganha o direito de produzir seu próprio vinho com as uvas que colher. Porém, as uvas que superarem sua meta de produção são usadas para pagar pela infraestrutura que a O.Fournier oferece a ele.
“Nós entramos com tratores, barris e outros itens da produção e da manutenção porque o objetivo é que os amantes dos vinhos tenham o produto com seu gosto e sem precisar gastar milhões de dólares na contratação de pessoal e material”, afirmou Ortega.
Segundo ele, o processo entre a plantação e a colheita dura dois anos e cinco meses, e a previsão é que os primeiros vinhos fiquem prontos em 2014.
Prazer em família
Segundo dados do governo local, os brasileiros estão entre os principais turistas estrangeiros em Mendoza, considerado o epicentro das vinícolas na Argentina.
Muitos dos investidores brasileiros estiveram ali de férias antes de decidirem entrar no negócio de vinhos no país vizinho, disse um dos clientes de Ortega.
O empresário Christian Burgos disse que decidiu comprar a terra pelo prazer de produzir o próprio vinho e compartilhar a experiência com a família.
“Para todo mundo que gosta de vinho chega um momento em que se quer produzir seu próprio vinho. No ano passado, já escolhi a uva e fizemos a plantação e vou fazer a colheita e a produção com a família”, disse Burgos à BBC Brasil.
Ele contou que conheceu a proposta em uma viagem a Mendoza e que, com a mulher, também apaixonada por vinhos, decidiu fazer o investimento.
“Ter uma vinícola como negócio significa abandonar meus negócios, o que não está nos meus planos. Mas me atraiu a possibilidade de comprar esta participação e fazer um vinho com meu gosto que vou tomar com a família e levar de presentes para os amigos e parentes no Brasil.”
“Meu plano é simples, vender as uvas para a própria vinícola para custear a manutenção da propriedade e vou produzir o vinho para presentear meus amigos e família no Brasil”, reiterou. A uva símbolo de Mendoza é a Malbec, que será também a base do vinho pessoal do empresário brasileiro.
Segundo ele, a produção, em seu terreno, será em torno de três mil garrafas por ano e de “alta qualidade”. Pelos seus cálculos, em setembro de 2014, ele e a mulher estarão “tomando o primeiro copo” do vinho particular.
Azeite
O interesse de brasileiros por investimentos em Mendoza não é novo. A novidade é a atração por fabricar o vinho ao seu sabor e medida.
Em 2008, o site Winesur informou que empresários brasileiros, italianos e argentinos formaram uma sociedade para produzir vinhos e azeites voltados para a comercialização local e internacional.
Entretanto, a Bodegas de Argentina (Câmara empresarial que reúne as produtoras de vinho e suas indústrias no país) informou que, das 265 vinícolas instaladas nas oito províncias produtoras de vinhos do país, apenas uma é de sócios brasileiros – a Finca Don Otaviano, em Mendoza.
Nos últimos anos, o vinho – e, em menor escala, o azeite – passaram a ocupar novos espaços na economia argentina.
Em Buenos Aires e em Mendoza, por exemplo, surgiram hotéis temáticos que incluem cursos da bebida e adega própria para os hóspedes nos quartos.
Na Argentina, o vinho, além de ser uma atração turística, é tema de debates, de concursos internacionais de especialistas.
“O vinho atrai consumidores e especialistas masculinos e femininos porque ele toca a nossa própria sensibilidade”, disse a socióloga argentina María Josefina Cerutti, com especialização em vinícolas.

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