quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Projeto de Compostagem dos Resíduos Sólidos Orgânicos da EEEF Aberta de Soledade/RS


1 – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome do Projeto – Projeto de Compostagem dos Resíduos Sólidos Orgânicos da EEEF Aberta de Soledade/RS.
Instituição responsável – Escola Estadual de Ensino Fundamental Aberta de Soledade.
Endereço – Rua Terezinha Batista Pinto, 114. Bairro Botucaraí, Soledade/RS. CEP 99300-000. Telefone – 54 3381 2223. Latitude: -28.817268314469; Longitude: -52.49244860449
Email: e.escolaaberta@hotmail.com
Coordenadoria – 25ª Coordenadoria de Educação do RS.
Responsáveis – Agentes Educacionais – Alimentação: preparo dos alimentos, refeições, limpeza e projeto de horticultura da escola – Rosane de Fátima Gueller Sotili, Rosemare Pereira e Vasti da Silva Apostólico.
Diretora da Instituição – Marinelsa França Zanette
Assessoria técnica – Centro de Assessoria em Resíduos Sólidos e Educação Ambiental – Cenatec Ltda. Rua Prudente de Moraes, 1044/304. CEP 99300-000 – Soledade/RS. Emails: cenatecltda@gmail.com e cenatecltda@hotmail.com – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br
2 – INTRODUÇÃO
Uma dos grandes temas atuais sem dúvida é o meio ambiente e como as instituições, recursos humanos, colaboradores e pessoas que nelas atuam podem agir de modo prático e eficiente para a conservação dos recursos naturais, biomas, ecossistemas e nichos ecológicos, assim como da qualidade da vida diária e dos espaços imediatos de convivência.
Neste sentido, ações cotidianas mesmo em escalas reduzidas passam a ter a mesma importância significativa que os grandes projetos de gestão, principalmente por seus aspectos pedagógicos e educativos, capazes de gerarem consciências, ações, atitudes e capacidades que motivem, estimulem e fortaleçam a construção de um presente/futuro sustentável.
Os espaços escolares são privilegiados neste aspecto: compostos de diversos segmentos interligados por interesses comuns relacionados com a educação de qualidade, integrada e útil ao cotidiano de alunos, professores, pais, agentes educacionais e outros componentes das comunidades escolares. Certamente ações educativas, pesquisas e projetos relacionados à sustentabilidade têm grande potencial de estímulo à cidadania, assim como uma contribuição importante ao desenvolvimento de práticas sustentáveis e ecologicamente corretas.
3 – JUSTIFICATIVA
As escolas de Ensino Fundamental em suas atividades diárias geram resíduos sólidos que são classificados em dois tipos básicos: a) orgânicos compostos por restos do preparo dos alimentos, sobras das refeições, limpeza e outras atividades (Classe II-A) e que podem ser utilizados para compostagem e uso nas hortas e jardins escolares, por exemplo; b) inorgânicos compostos de plásticos, papéis, papelão, embalagens em geral, metais (Classe II-B) e que podem ser destinados à coleta seletiva, comercialização ou para catadores cooperativados ou individuais. As instituições de ensino que possuem cursos de Ensino Médio com cursos técnicos geram resíduos sólidos mais complexos e que requerem caracterização específica e individualizada. Um ponto comum entre ambas é a geração de resíduos sólidos eletrônicos.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Aberta de Soledade/RS atende 40 crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, residentes em locais periféricos e com origem em famílias em situação de pobreza e baixa escolaridade. Em alguns casos a principal fonte de renda são programas governamentais como Bolsa Família. As atividades são realizadas em tempo integral, das 7 h 45 minutos às 17 horas, sendo as aulas realizadas na parte da manhã e à tarde diversas oficinas pedagógicas. Deste modo, a escola serve 04 (quatro) refeições diárias aos seus alunos: café da manhã, lanche, almoço e lanche da tarde. Estes alimentos ao serem preparados, servidos e consumidos geram resíduos orgânicos que se descartados de modo inadequado geram passivos ambientais como mau cheiro, poluição visual, contaminação de resíduos inorgânicos (recicláveis), proliferação de animais, possibilidades de doenças, aumento da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e da poluição orgânica das águas entre outros fatores negativos.
Considerando as características descritas e que existem possibilidades e tecnologias capazes de amenizarem a quantidade de resíduos orgânicos com destinação final ambientalmente inadequada, foi elaborado este Projeto de Compostagem dos Resíduos Sólidos Orgânicos da EEEF Aberta de Soledade/RS que considera os resíduos produzidos nas atividades de preparo dos alimentos, sobras das refeições, limpeza dos utensílios, assim como os resíduos orgânicos da limpeza e manutenção como varrição, capinas e podas diversas. Este projeto pretende contribuir para que esta instituição de ensino realize com êxito sua missão de proporcionar acesso a uma educação para uma melhor qualidade de vida, fortalecendo a cidadania e estimulando ações sustentáveis por parte de sua comunidade escolar.
4 – OBJETIVOS
4.1 – Objetivos Gerais
- Destinar de modo ambientalmente correto os resíduos sólidos orgânicos gerados nas atividades relacionadas ao preparo dos alimentos, consumo das refeições, limpeza dos utensílios utilizados, varrição, capinas e podas diversas;
– Produzir alimentos de qualidade através do apoio e desenvolvimento do Projeto de Horticultura Vida Boa na Escola.
4.2 – Objetivos Específicos
– Produzir composto orgânico de qualidade para uso no Projeto de Horticultura Vida Boa na Escola, composto por dois espaços cobertos (estufas) com 50 m² cada, melhorando a qualidade dos alimentos produzidos e evitando a utilização de adubos sintéticos nitrogenados;
- contribuir para a formação de consciências, ações, atitudes e capacidades que estimulem a comunidade escolar na realização de atividades sustentáveis;
– melhorar a qualidade de vida da comunidade escolar, destinando corretamente os resíduos orgânicos e evitando problemas decorrentes da má gestão destes resíduos;
– Adequar-se a legislação brasileira, especificamente à Lei 12.305/2010 e Decreto 7.404/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, assim como às normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que estabelecem a compostagem dos resíduos orgânicos para sua gestão adequada.
5 – METODOLOGIA
Foi realizada a caracterização dos resíduos sólidos orgânicos originados no preparo dos alimentos, nas sobras de refeições e limpeza dos utensílios durante o período de três (03) dias alternados durante uma semana de atividades escolares: segunda (20/08/2012), quarta (22/08/2012) e sexta feira (24/08/2012). Para os resíduos de varrição, capinas, limpezas e podas em geral foi considerado o volume produzido em uma (01) atividade desenvolvida no dia 20/08/2012 que realizou todas as atividades simultaneamente.
Foram estabelecidos espaços adequados para o recebimento dos resíduos e a realização da compostagem natural destes, bem como das atividades necessárias para sua realização. Os espaços foram separados de acordo com a origem dos resíduos: a) originados nas atividades de cozinha e alimentação e b) originados em serviços de varrição e limpezas em geral. Os resíduos de limpeza serão utilizados no processo de compostagem como matéria seca (adição de carbono), sendo misturada na proporção de uma parte para cada duas de outros resíduos orgânicos. Este procedimento evita odores desagradáveis, facilita a aeração e o processo de compostagem e melhora a qualidade do produto final (adubo orgânico).
6 – CARACTERIZAÇÃO
6.1 – Alimentos
A preparação das refeições é a principal fonte de resíduos orgânicos. Constituído por cascas de alimentos como abóboras, morangas, cebolas, alho, frutas como banana, abacaxi, mamão, laranja, bergamota, grãos avariados de leguminosas e cereais, talos de verduras, pó de café (11,84% do peso total e 11,83% do preparo das refeições), cascas de ovos. Estes resíduos (com exceção do café) são produzidos pré cozimento e preparo e descartados in natura.
As sobras de refeições e lanches contribuem com aproximadamente 30% do peso total, constituindo-se na parcela com menor impacto no processo de produção de resíduos orgânicos. Uma característica específica das escolas do sul do país são os resíduos de erva mate (11,84% do peso total e 37,79% das sobras de refeições) do preparo do chimarrão, um hábito comum entre professores e alunos dos estabelecimentos de ensino do RS. Estes resíduos aumentaram significativamente o peso e o volume das sobras das refeições preparadas e servidas
Observa-se que os principais geradores de resíduos são o pó de café durante o preparo das refeições e a erva mate que foi considerada como sobra posterior ao consumo do chimarrão (19,96% do peso total). A média de produção de resíduos orgânicos é de 3.916 Kg/dia. Importante destacar que não houve avaliação da sazonalidade, sendo o mês de agosto no RS um período de inverno. Possivelmente nas estações mais quentes como primavera e verão a composição gravimétrica apresente pequenas alterações como predominância de cascas de frutas ao invés de outras sobras. Também os consumos de chimarrão (erva mate) e café podem diminuir. Indispensável destacar que não há resíduos de óleos vegetais usados porque na escola não são servidos alimentos preparados através de processos de frituras.
DIAORIGEMCOMPOSIÇÃOPESO
20/08/2012Preparo das refeições- Cascas e talos diversos, grãos avariados, pequenas sobras (88,66%)
- Pó de café (11,34%)
2.485 kg
318 gramas
Total – 2.803 Kg (67,05%)
20/08/2012Sobras das refeições- Restos de alimentos preparados (64,8%)
- Erva mate (35,2%)
893 gramas
485 gramas
Total – 1.378 KG (32,95%)
22/08/2012Preparo das refeições- Cascas e talos diversos, grãos avariados, pequenas sobras (86,1%)
- Pó de café (13,9%)
2.323 Kg
323 gramas
Total – 2.646 Kg (60,32%)
22/08/2012Sobras das refeições- Restos de alimentos preparados (59,09%)
- Erva mate (40,91%)
712 gramas
493 gramas
Total – 1.205 Kg
(39,68%)
24/08/2012Preparo das refeições- cascas e talos diversos, grãos avariados, pequenas sobras (88,01%)
- Pó de café (11,99%)
2.305 Kg
314 gramas
Total – 2.619 KG (70,48%)
24/08/2012Sobras das refeições- Restos de alimentos preparados (62,35%)
- Erva mate (37,65%)
684 gramas
413 gramas
Total – 1.097 kg (29,52%)
Sub total 1Preparo das refeiçõesCascas e talos diversos, grãos avariados, pequenas sobras (88,16%)
Pó de café (11,84%)
7.113 Kg
955 gramas
Total – 8.068 Kg
(68,67%)
Sub total 2

Sobras das refeiçõesRestos de alimentos preparados (62,21%)
Erva mate (37,79%)
2.289 Kg
1.391 Kg
Total – 3.68 Kg (31,33%)
Total Geral

Resíduos do preparo e sobras das refeições11.748 Kg
(100%)
Média/dia3. 916 Kg/dia
6.2 – Limpeza das áreas adjacentes
As atividades de limpezas, capinas, podas e manutenção das áreas adjacentes da escola foram avaliadas em uma única data em 20/08/2012 e portanto não consideram sazonalidade e variações específicas como a limpeza diária das hortas que geram poucos resíduos pois a maioria é incorporado novamente ao solo. As áreas livres da escola são extensas com aproximadamente 2.800 m² não sendo demarcadas com exatidão. A área tem predomínio de gramados, algumas árvores nativas e algumas espécies decorativas. Parte do espaço é ocupada por uma quadra poliesportiva descoberta e também as estufas do projeto de horticultura encontram-se próximas, ambas com 50 m² cada uma.
A produção de resíduos considerou a poda das áreas gramadas, a limpeza do jardim em frente da escola, pequenas podas nas árvores e arbustos decorativos. A produção total de resíduos nestas atividades foi de 13,345 Kg não tendo sido efetuada diferenciação entre eles. O responsável pelo maior volume foram os restos de grama. Importante destacar que é realizada a manutenção periódica das áreas adjacentes, evitando-se a concentração da limpeza e produção de resíduos em períodos específicos.
7 – CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO
A capacitação e treinamento foram realizados em três etapas:
I – Capacitação dos Agentes Educacionais responsáveis pelo preparo das refeições para a minimização dos resíduos através do aproveitamento máximo dos alimentos, descartando-se somente as partes inaproveitáveis de forma segregada de outros resíduos inorgânicos. Como material didático foi utilizado: Aproveitamento integral dos alimentos – texto impresso disponível em http://www.bancodealimentos.org.br/aproveitamento-integral-dos-alimentos/
II – Palestra à comunidade escolar (alunos e professores) sobre a implantação do projeto e a importância deste para a qualidade do ambiente escolar. Enfatizou-se a necessidade de minimizar a geração de resíduos, bem como descartá-los adequadamente, segregados de materiais inorgânicos.
III – Capacitação dos Agentes Educacionais responsáveis pela realização do processo de compostagem para a correta realização do processo. Como materiais didáticos foram utilizados: Como transformar seu lixo doméstico em adubo orgânico – texto impresso disponível em http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-32–5-20090203, Uma horta em cada escola é fundamental – texto impresso disponível em http://www.ecodebate.com.br/2012/05/21/uma-horta-em-cada-escola-e-fundamental-artigo-de-efraim-rodrigues/ e Dia de campo na TV: Reciclagem de resíduos orgânicos domésticos – vídeo disponível em http://www.youtube.com/watch?v=9Tprq5C5Tcc
8 – AVALIAÇÃO E REVISÃO
No prazo de seis meses a partir da caracterização dos resíduos (fevereiro/2013), este projeto será avaliado e revisado para a realização de adequações necessárias e outras ações que possam melhorar a qualidade, a eficiência e a eficácia da produção de composto orgânico. Também serão avaliados e comparados os volumes de resíduos sólidos orgânicos produzidos e as possibilidades de minimização.
9 – ANEXOS
– Cópia do Projeto de Horticultura Vida Boa na Escola.
– Fotos das áreas adjacentes da EEEF Aberta de Soledade/RS.
– Fotos externas e internas das estufas do Projeto de Horticultura Vida Boa na Escola.
– Textos impressos utilizados como material didático nas capacitações dos agentes Educacionais responsáveis pelo projeto.
10 – REFERÊNCIAS
- Aproveitamento integral dos alimentos. Disponível em:http://www.bancodealimentos.org.br/aproveitamento-integral-dos-alimentos/ – Acesso em 30/08/2012.
- Como transformar seu lixo doméstico em adubo orgânico. Disponível em:http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-32–5-20090203 . Acesso em 30/08/2012.
- Dia de campo na TV – Reciclagem de resíduos orgânicos domésticos. Disponível em:
- Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/2010 e Decreto 7/404/2010.
Projeto modelo enviado pelo articulista Antonio Silvio Hendges , para o EcoDebate, 24/10/2012

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