segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Fraturamento hidráulico (fracking): Técnica para extrair gás proibida em países europeus será testada no Brasil



Foto: TheHuffingtonPost.com
Fraturamento hidráulico (fracking) 
Método criado no Texas, que pode aumentar em mais de seis vezes as reservas de gás natural no País, será aplicado em Minas e na Bahia; técnica está em discussão nos EUA, onde é suspeita de desencadear terremotos e contaminar o lençol freático
Uma técnica de extração que pode aumentar em mais de seis vezes as reservas de gás natural do País será testada pela primeira vez nos próximos meses, em Minas e na Bahia. Proibido em alguns países europeus e em discussão nos Estados Unidos, o fraturamento hidráulico (fracking, em inglês) é alvo de polêmica por conta da falta de estudos sobre possíveis danos ambientais – a técnica retira o gás a mais de 1,5 mil metros de profundidade. Matéria de Bruno Deiro, em O Estado de S.Paulo.
As principais preocupações referem-se à possível contaminação de lençóis freáticos e a relação com o aumento da incidência de terremotos. Nos EUA, a agência de proteção ambiental (EPA) prometeu realizar um grande estudo, mas ainda não se posicionou sobre o gás de xisto – rocha onde ocorre a extração.
No ano passado, pesquisadores da Duke University, na Pensilvânia, publicaram um artigo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences que alertou para o aumento da concentração de metano na água potável em áreas próximas a poços que usam o fracking. Não ficou provado, porém, se há relação direta com a técnica.
“Se a contaminação ocorrer nas fontes mais profundas não há nada que se possa fazer para evitar”, diz Avner Vengosh, um dos autores do estudo, que também alerta para os produtos químicos usados no processo. “Os resíduos contaminam a água potável se entraram em contato com o lençol freático.”
Segundo Vengosh, a questão nos EUA é agravada por causa da autonomia dos proprietários de terra, que podem negociar diretamente o arrendamento com as companhias de energia. “A EPA e os órgãos reguladores estaduais têm pouco controle sobre o processo nos EUA”, afirma ele.
No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) afirma que a extração terá um acompanhamento melhor. “Esse problema aconteceu nos EUA porque cada Estado fez de um jeito. Estamos aprendendo com os erros deles”, diz Olavo Colela, assessor da diretoria da ANP. “Garantimos a segurança física dos poços para não haver contaminação.”
Potencial. De acordo com Colela, a técnica será implementada em um primeiro momento em três bacias sedimentares: Vale do Parnaíba (MG), Parecis (MT) e Recôncavo (BA). Nestas regiões, a expectativa é de que se aumente as reservas de gás natural no País em 208 trilhões de pés cúbicos (TCF) – atualmente, o total é de 32 trilhões de TCF.
Segundo a AIE, agência de energia norte-americana, este potencial colocaria o País na 10.ª posição na lista de maiores reservas estimadas. Estados Unidos (8.620), China (1.275) e Argentina (774) lideram o ranking.
Entre as empresas interessadas estão a Shell, a Petra e a Fortress Energy, que poderão pedir à ANP a extensão do prazo de concessão em áreas que já exploram hoje. “Faremos uma recomendação para que se evite empreendimentos apenas na Amazônia”, afirma Colela. “Hoje em dia é complicado trabalhar lá. Mas não proibiremos as empresas de fazer, o risco será delas.”
O licenciamento ambiental ficará a cargo de cada Estado.
EcoDebate, 15/10/2012

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