sábado, 16 de junho de 2012

Rio+20: Brasil assume comando das negociações

O objetivo é selar um acordo entre os líderes mundiais para preservar o meio ambiente e lutar contra a pobreza.

O Brasil assumiu neste sábado o comando das negociações da conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em um esforço para evitar um fracasso da cúpula que reunirá 130 líderes na próxima semana, no Rio, para selar um acordo mundial pelo meio ambiente e a luta contra a pobreza.

"Precisamos entrar em uma nova dinâmica, buscar a convergência, nos concentrar nas questões realmente cruciais para que possamos concluir o texto no tempo previsto", instou o chanceler brasileiro, Antonio Patriota.

Após cinco meses de discussões, os negociadores de mais de 190 países esgotaram na sexta-feira o prazo final para selar o acordo que visa por o mundo nos trilhos de uma economia verde e socialmente inclusiva.

Como país anfitrião da conferência, a quarta do tipo convocada pela ONU desde 1972, o Brasil lidera uma corrida contra o relógio, pois pretende alcançar um acordo nesta segunda-feira, antes da chegada dos chefes de Estado e de governo que encerrarão a conferência com uma cúpula entre quarta e sexta-feira.

Menos de 40% do texto final têm consenso
"Nossa ambição é chegar com um texto acertado na noite de segunda-feira" e não deixar fios soltos para os presidentes que abrirão a cúpula na quarta-feira, afirmou o ministro das Relações Exteriores durante entrevista coletiva.

"Estamos diante dos dois dias mais difíceis da negociação" expressou à AFP a negociadora-chefe da Venezuela, Claudia Salerno.

Novo texto reduzido
O Brasil apresentou uma nova proposta de texto reduzido neste sábado, que consolida o anterior. O documento, de 81 páginas, foi reduzido a 56. "Os negociadores têm que começar a aceitar grandes partes do texto", afirmou no sábado Nikhil Seth, diretor de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Enquanto os técnicos discutem cada um dos pontos da declaração, da transição do mundo a uma economia verde à preservação dos oceanos ou a adoção de metas de desenvolvimento sustentável para todos os países, os presidentes dos grandes países desenvolvidos e emergentes discutirão na cúpula do G20, no México, um tema mais imediato: a crise financeira.

O governo brasileiro descartou que a presidente Dilma Rousseff vá aproveitar a ocasião para obter consensos. "A presidente não discutirá a Rio+20 em Los Cabos, México", afirmou o negociador brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.

A crise econômica internacional paira sobre as negociações da Rio+20. "Estão desmantelando a ajuda internacional e a querem substituir por caridade do setor privado", disse à AFP o chefe das negociações da Bolívia, René Orellana.
"Não é fácil às vezes discutir questões ambientais quando se tem que lidar com uma crise econômica. Mas temos que entender que a resposta à crise também se radica em mais reconciliação o meio ambiente", disse à AFP o comissário europeu para o Meio Ambiente, Janez Potocnik.

Potocnik assegurou que a Europa continua comprometida em alcançar 0,7% do PIB para a cooperação até 2015, uma taxa que agora beira os 0,4%. Lasse Gustavsson, da organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), pediu "um milagre" aos negociadores para alcançar um acordo.

No Parque do Flamengo, a 40 km do Riocentro, onde transcorrem as negociações, se celebra a Cúpula dos Povos, evento paralelo que reúne indígenas e ativistas de todo o planeta e tenta empurrar os governantes a um acordo concreto que enfrente os graves problemas do planeta e busque alternativas para a "economia verde" defendida pela conferência oficial.

"Eu me somo à opinião generalizada aqui de que os governantes não decidirão muito. Na Cúpula dos Povos, sim, elaboramos soluções para o futuro do planeta", afirmou Eric Lavillunière, do Instituto Europeu de Economia Solidária.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável é a maior da história, com 50.000 participantes entre líderes mundiales, ativistas, indígenas e grandes empresários.

Centenas de atividades ocorrem em um raio de 60 km e em meio a um trânsito caótico, com organizações dando exemplos práticos da economia de baixo impacto na natureza.

Segundo cifras da ONU, a demanda por alimentos aumentará 50% até 2030 e a de energia, 45%, em um contexto de aumento da desigualdade social, escassez de água e aumento da temperatura do planeta que dá sinais de que seus recursos se esgotam.

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